domingo, 14 de março de 2010

Desabafos de uma estudante de jornalismo

O que eu vou escrever aqui agora é um pouco do que se passa na minha cabeça quando o assunto é jornalismo. Vou confessar para vocês que finalmente eu estou “tomando gosto” pela profissão, antes mesmo de ser uma profissional, uma jornalista de verdade. Acontece que, finalmente, eu consegui me libertar um pouco dos estereótipos jornalísticos de que as pessoas falam por aí.

Quando passei no vestibular, tudo era festa. Eu tinha virado gente grande, ia morar fora, fazer minha comida e lavar minhas roupas. Tudo bem que minha mãe ia continuar pagando minhas contas, mas no momento isso não importava...eu era uma universitária, sem direito a R.U, mas com muitas festas e entrevistas para me divertir.

Ok, a euforia estava só começando. Primeira aula: não me lembro qual era. Só lembro da paulada que o professor me deu na cabeça, assim de cara: “Se vocês vieram aqui para salvar o mundo, melhor cair fora”. E foi essa frase que eu ouvi saindo da boca de muitos outros professores ao longo do curso. E foi essa frase e pensamentos como esses que me faziam querer sumir de Bauru o quanto antes.

Está bem, confesso que sou idealista demais. Mas é uma questão de preferência. Tudo bem que o jornalismo tem que ser superficial, objetivo, que eu vou ter que me submeter a uma empresa, à propaganda e ao capitalismo se quiser sobreviver com meu salário de jornalista. Mas acontece que eu aprendi que ser jornalista é muito mais do que isso. E não foi ninguém que me contou, eu descobri sozinha. Descobri entrevistando pessoas, explorando o lado humano do “negócio”.

Eu acho que se eu entrei para a faculdade para ser jornalista, eu tenho que ser JORNALISTA. E para mim, jornalista não é aquele que acorda às 6 da manhã, vai para a redação, cumpre sua pauta e volta pra casa assistir a novela das oito. Se for pra fazer, tem que fazer com paixão. E paixão inclui querer que aquilo que você faz seja mais que superficialidade, que seja não só bom para você, mas para os outros também.

Eu quero mudar o mundo com o jornalismo, sim. E eu sei que não vou mudá-lo, mas posso fazer diferença. Acho que a escolha é de cada um. Não só no jornalismo, mas em todas as profissões. Você pode seguir o que é óbvio, o que todo mundo fala, ou pode tentar enxergar um caminho diferente para você. Eu precisei enxergar um para continuar aqui. Irreal, talvez. Mas para mim, ser idealista (ou uma boba sonhadora, como você quiser interpretar), é o melhor caminho. Como diria meu amigo Humberto Gessinger, “por amor às causas perdidas.”

Silvia Campos - Editora de Click/Vitalidade

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