segunda-feira, 12 de abril de 2010

Por que se preparar nem sempre garante uma boa entrevista?

Primeiramente, olá a todos. Meu nome é Karen Barbarini e eu sou uma recém-incorporada co-editora de entrevista aqui no site.
Demorei muito tempo pra decidir o que eu deveria postar no Blog dos Editores, muitas idéias me passaram pela cabeça. Observei os posts dos outros editores e percebi que alguns comentam fatos e notícias, outros contam experiências pessoais. Não me guiou.
Hoje à tarde decidi que ia fazer um texto sobre como se preparar para uma entrevista. Essa idéia já estava na minha mente há algum tempo, mas o texto seria publicado no meu blog pessoal. Agora, por um insight que eu ganhei de presente do twitter, decidi contar uma história engraçada que ilustra o título deste post: Nem sempre, se preparar pra uma entrevista é garantia de que ela vai dar certo.
Há pouco menos de um ano eu tive o prazer de entrevistar o Fabrício Carpinejar. Foi antes de um bate papo no Sesc de Bauru, que estava promovendo uma espécie de oficina sobre o autor.
O Carpinejar é um daqueles caras que todo jornalista sonha em entrevistar. Inteligente, poeta prodígio, fala sobre coisas da vida e passa da cultura banal à cultura erudita com naturalidade. Antes de continuar a história, devo acrescentar que a entrevista foi produzida para a disciplina de Telejornalismo, e que eu sou uma daquelas jornalistas que têm total aversão ao jornalismo televisivo.
Estudei muito sobre a vida do entrevistado, li várias entrevistas que ele concedeu, li poemas escritos por ele- fiz o dever de casa. Me sentia preparada até o exato momento em que olhei pra ele pela primeira vez no Sesc. Jamais esquecerei os óculos com lentes laranja, camiseta laranja por cima de uma camisa branca, uma careca que de tão brilhante parecia ter sido lustrada.
Eu tinha na minha mente que ele era o cara mais certinho do mundo, e me surge um cara superdescolado na entrevista. Isso já me desmontou de certa forma, pois eu tinha me preparado pra algo muito mais formal.
Das quase 50 perguntas que formulei pra entrevista, foram escolhidas umas 5 ou 6 pra serem feitas e irem pra edição. Sentei perto ao Carpinejar para fazer as perguntas e SURPRESA! Ele quis mudar todo o padrão formal daquela coisa chata de trabalhinho de faculdade. Queria fazer a entrevista deitado no puff do sesc. Reverteu de todas as formas minhas tentativas quase inuteis de fazer a entrevista voltar aos padrões normais, respondeu coisas totalmente diferentes das que eu esperava ouvir nas respostas, fez o que queria e até o que eu não queria – me fez deitar no puff e ficou em cima de mim pras câmeras, imitando uma posição sexual.
Apesar do pânico jornalístico da hora e do meu choque óbvio, ele não me forçou a nada e fez tudo isso brincando. Hoje eu vejo isso e penso na oportunidade que eu perdi de fazer uma maravilhosa entrevista com uma pessoa tão cheia de personalidade, tão cheia de vida. Não foi por falta de preparação, fiz tudo que os manuais de jornalismo ensinam os focas a fazer. Mas me faltou o essencial – conhecer meu entrevistado e saber que o que nós lemos nas entrevistas nem sempre é o que parece.

Um comentário:

Pâmela disse...
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