De acordo com dados do IBGE de 2004 cerca de 14 milhões de brasileiros passam fome. Uma realidade vergonhosa e inadmissível para um país que postula um lugar entre as maiores potências do mundo. Crianças morrem diariamente por fome crônica e desnutrição enquanto 10% da população detêm quase toda a renda nacional. Em Bauru não é diferente, exemplo dessa gritante desigualdade social é a comunidade Sorocabana, zona sul da cidade, e os poderosos condomínios de luxo, lado a lado. O ensaio fotográfico da Livrevista, nesta edição, retrata a realidade Sorocabana através de imagens, portanto aqui vão algumas impressões seguidas de três das fotografias.
A primeira fotografia ilustra a má distribuição de renda no nosso país. Vemos o lixo, a rua sem asfalto, a falta de estrutura da comunidade e as mansões dos condomínios. Tudo separado apenas por um muro. O contraste é tamanho que salta aos olhos, causando desconforto e indignação.
Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar; o que inclui alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos, serviços sociais indispensáveis e segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, ou velhice. Isso é o que idealiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Porém o que encontramos na comunidade Sorocabana e no resto do nosso país são condições precárias de moradia, alimentação, vestuário, educação, saúde e alta taxa de desemprego.
Dois irmãos brincando e um senhor carpindo é o que observamos na segunda e terceira fotos. Dentes cariados, pés descalços no chão sujo, dia nublado e nenhum brinquedo. Nada disso ofusca o inocente sorriso que estampa a felicidade das crianças. Mesmo com uma casa extremamente humilde e sua batalha diária para alcançar uma vida melhor, o senhor cuida dela como seu bem mais precioso e carpe seu quintal cuidadosamente.
Sua camiseta traz a bandeira do país. Apesar de todos os obstáculos o povo brasileiro tem orgulho em ser brasileiro, orgulho de viver num país com tantas riquezas, belezas naturais, hospitalidade e diversidade. Ou a “Ordem e Progresso” que carrega no peito é apenas a falta. Falta de opção. De poder se dar ao luxo de escolher o que vestir. Falta de esperança numa vida mais digna.
Marina Watanabe - editora multimídia



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